sábado, 12 de março de 2011

Aluno só pensa em nota?


"Nota não é tudo, o importante é o aprendizado". Quando se é professor, a frase faz até certo sentido. Mas, aluno é movido a nota. Dura realidade que tive que engolir prova a prova, convivendo com a ansiedade de não saber como fui avaliado.
Cabe aqui um questionamento: para que serve a nota? Se respondermos que serve apenas de critério de aprovação, deveriam haver apenas duas notas: zero (reprovado) e um (aprovado). Bastaria um sistema binário de avaliação para mapear a passagem do aluno do início do curso até sua conclusão. Neste sistema, só uma coisa importaria: o diploma.
Contudo, não é esta a regra (ou não deveria ser). As notas na PUC compõe uma escala de cem possibilidades. Digo cem porque para os alunos a diferença entre 5,9 e 6 é muito grande, valendo a pena brigar pelo décimo perdido.
Mas, porque existe tal gradação? Recuso-me a acreditar que a nota não serve para nada e que a preocupação em tirar boas notas é algo nocivo. Claro que tal preocupação deve ser relativizada, pois se for excessiva, pode desviar o aluno do foco: o aprendizado. Mas, de alguma forma, a nota tem utilidade. Ela fornece um feedback: se eu estudo e, ainda assim, tiro uma nota ruim, tem algo errado, comigo ou com o professor. Ou seja: ou não estudei o suficiente para ter um rendimento razoável ou a avaliação do professor não condiz com o que foi trabalhado em sala de aula.
Há um outro viés para esta questão. Alguns professores costumam defender (mais da boca pra fora do que seriamente) a tese de que é preciso mudar o sistema de avaliação, de que a prova não "prova" nada etc. Não me arrisco por terrenos tão pantanosos. A discussão sobre a mudança do sistema não pode ser feita assim sem mais nem menos. Mesmo acreditando que o sistema é imperfeito, prefiro manter o foco no atual estado de coisas. Por isto, insisto na questão sobre o potencial de utilidade das notas (e da prova) no contexto do sistema que temos e da instituição em que estudamos.
Ignorar a nota é deixar de lado uma importante ferramenta dos estudos e do aprendizado. É seguir sem rumo através do curso, até o desembocar nas provas de ordem, concursos públicos e seleção do mercado, sem critério algum para avaliar se estamos ou não preparados. O que fica no ar é se as notas, na PUC, são confiáveis para esse fim.

Ricardo Orsini - ricardo.orsini@gmail.com

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